Sunday, April 12, 2009

Diário de bordo (póstumo)

Tudo passa na cabeça da gente momentos antes da decolagem de um avião. Principalmente quando estamos presentes nele. As pessoas reagem de diferentes formas a qualquer tipo de situação, e num avião não é diferente.

Penso que eu tenha uma
reação controlada a esse tipo de situação.

Minha passagem diz que devo ficar na janela. Mas não estou na janela e isso não importa muito agora. Consegui ficar junto com
Sabrina e com o Márcio, mas fico pensando se não preferia ficar sozinho com o meu nervosismo. Talvez seja mais interessante ter companhia, mas não sei.

A aceleração desse monstro é impressionante. Não é minha primeira nem minha segunda viagem de avião, mas certo que isso me impressiona.

Sinto ele se afastar do chão, muito de leve. Quase não dá pra ter certeza de que estamos subindo. Logo a subida deixa de ser leve e passa a ser vertiginosa. Tanto que quase falta o ar. Olho pra
Sabrina, que aperta os olhos, e tento demonstrar tranquilidade e naturalidade. Não sei se funciona, nem sei se ela nota, mas me faz sentir melhor.

Não fosse a distância do chão, a pressão na cabeça e nos ouvidos, e a sensação de que a minha gente está ficando pra trás, eu não poderia deixar de me sentir apavorado por estar indo pra tão longe de casa, para junto de pessoas que eu desconheço, acompanhado de pessoas que, por mais que hoje eu tenha consideração, já tive muitas desavenças.

Ainda não estava apavorado, mas começara a ficar.

O que raios eu vou fazer ? Vou ter competência pra isso ? São onze dias longe de casa... E o clima seco ? E o clima quente ? E se eu passar mal ? E se eu não aguentar ? E se ninguem gostar de mim ?...

Nem bem me acostumo com o voo e já sinto a nave descer novamente. É como se esmagassem meu cérebro. Será que todo mundo sente tanto desconforto assim com a pressão? Pousar em
Congonhas... Que ótimo. Tento ficar com medo mas não consigo. Antes de eu sentir o pouso o avião já está no chão.

Uma hora em São Paulo e recomeça. O medo, a tensão, a vertigem. Mas dessa vez não é necessário sorrir. Não pude ficar junto de meus conterrâneos agora, então só o que tenho que fazer é enfiar a cabeça na janela e sentir o chão se afastando.

Chegar em Brasília foi um pouco mais estranho. Quem vai estar lá esperando a nossa chegada? Imaginei alguma mulher
semi-nova com uma plaquinha escrito "III CNIJMA", mas suspeitava de que não fosse assim.

A primeira coisa que pensei ao descer em Brasília foi: "
Cadê o ar dessa cidade!?!?" Sério, não imaginava que teria tantas dificuldades pra respirar. Isso me impressionou um pouco, negativamente.

Estou sentado com minhas malas ao lado da fonte do aeroporto. Alguns grupos de pessoas em volta, todas com malas e sotaques diferentes.
Sabrina tenta resolver um problema com sua mala, Márcio está sentado ao meu lado com um olhar vazio. Logo os horários dos próximos ônibus são anunciados, e percebemos que teremos de esperar.

Conheço, na
van que nos transporta pra Lusiania, meus dois futuros colegas de quarto. Um deles é mais calado, pequenino. O outro fala com uma paixão comovente, que faz seus olhos brilharem. Ambos de Tocantins, ambos pessoas gigantes. Compartilham conosco seus problemas e anseios, e já não sinto nenhum desconforto ou medo, sinto-me completamente a vontade.

Fecho os olhos, respiro fundo, e me preparo para entrar na atmosférica utópica de uma Conferência...

7 Comments:

Anonymous Gabi said...

*-*

quando que vai continuar a história de novo ? xD


fiquei curiosa!!

\o

deve ter sido bem bom pra ti memso, amor!

tou super orgulhosa!!

te amo demais!

2:41 PM  
Anonymous Dandas said...

Gaúcho \õ
Nossa ficou muito bom, adorei! (:
Bem, não sou muito boa em comentários, então acho melhor não escrever muito ^^'
Mas espero que continue escrevendo suas emoções sobre a Conferência!
Fiquei curiosa. =]~

beijão :*
Já está no meu coração.

3:55 PM  
Anonymous Bianca said...

huahuahauhauua
engraçado, parece que todos estavam com as mesmas vertigens...com as mesmas angustias...eu fui uma das primeiras a chegar, imagin só minha aflição, cheguei e fiquei junto com meu companheiro do piaui e ai chegaram 3 pessoas de SC, pow, altas, brancas e aparentemente frias...foi estranho...mas depois percebi que eu é que estava sendo fria...adorei tudo, e vou adorar ficar relembrando aqui...bjão

4:50 PM  
Anonymous Rhannyel said...

“O outro fala com uma paixão comovente, que faz seus olhos brilharem.” Isso me faz relembrar exatamente este momento!!! Foi muito bom estar e compartilhar momentos especiais com todos que tiveram a majestosa oportunidade de participar da III CNIJMA. Calvin, você a Sabrina e Marcio estão guardados no meu coração!!!Eita gauchada legal!!!

10:44 AM  
Blogger Unknown said...

Calvin! =D

fazia tanto tempo que eu nao vinha aqui! tu nem perdeu o jeito de escrever, hein? (L)

5:59 PM  
Anonymous wendel -TO said...

cara sempre te levarei no meu coração, do seu GRANDE amigo Wendel.

4:07 PM  
Blogger Midori said...

Minha nossa como eu choro! Agora mesmo acostumando com a idéia de que vc não está mais aqui, mesmo tendo te conhecido pouco.

Você escrevia bem. Passa tanto sentimento. Coisas que eu nem poderia imaginar. Aqueles dias ficarão gravados para sempre na minha mente. Nunca poderei esquecer de ninguém de lá.

Tanto idealismo, tanta paixão. Tudo junto num só lugar.

Muitas saudades!

6:47 AM  

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