Tuesday, February 26, 2008

EU NÃO ACEITO O CÁLICE

Em primeiro lugar, a Adriana - dona dessa frase que ponho no título - me cedeu os direitos sobre ela.


Enfim,

Este ano, prestei meu terceiro vestibular na UFRGS, sendo o primeiro em 2006, no inicio do ano seguinte ao qual eu terminei meu ensino médio, na Escola Técnica Parobé. Fiz a 1º e a 2º série do ensino fundamental no Colégio Marista Assunção. Da 3º série até a 5º cursei Colégio São José de Murialdo, o 6º ano no Colégio Estadual Paulo da Gama, e o restante do ensino fundamental no Colégio São José de Murialdo novamente. Concluí, como já falei anteriormente, o ensino médio na Escola Técnica Parobé.

Os dois primeiros anos eu prestei para Farmácia, e no terceiro ano, este ano de 2008, prestei para Letras – Bacharelado, sendo que nos dois primeiros concursos minha classificação foi bem próxima do último colocado, especialmente em 2007. Finalmente, no Concurso Vestibular 2008, eu me vi com a pontuação suficiente para estar entre os aprovados, e aguardei ainda mais ansiosamente ao listão. Acabei por ser surpreendido ao constatar que não havia conseguido me classificar. Foram ofertadas 83 vagas para ingresso na faculdade de Letras - Bacharelado, fui o 72º classificado.

Eu, que cursei meu ensino médio em escola pública, poderia me sentir no direito de também receber vagas reservadas pelo sistema de cotas.

Não sou contra as cotas para candidatos que prestaram ensino médio em escolas públicas, mas não vejo motivos que adicionem aos candidatos afro-descendentes ainda mais privilégios que os candidatos oriundos de escolas públicas, já que – possivelmente – estes possam ter sido colegas em uma dessas escolas.

Não obstante, acredito que, quando se abre um sistema de reserva de vagas, esta fórmula deve ser bem estudada antes de ser imposta aos candidatos, já que pode prejudicar uma parcela bem maior do que a que seria privilegiada. Não acho justo mover a balança de um lado para outro de uma maneira tão brusca, desfavorecendo alguns para finalmente favorecer outros.

Finalmente, segundo consta no edital no item 1.5, todos os candidatos terão vagas pelo acesso universal, inclusive os que têm reserva de vaga. Estes, que serão privilegiados com a reserva de vagas, terão uma segunda chance de acesso, caso não sejam aprovados pelo sistema universal. Neste caso, eles concorrerão com os candidatos cotistas, que por sua vez, também não garantiram vaga no sistema universal.

A meu ver, os candidatos cotistas deveriam competir entre si, sem influenciar na média e nem nos pesos das provas, e muito menos concorrer também pelo sistema universal. O candidato deveria ter de escolher entre concorrer como cotista, ou pelo sistema universal de vagas, e ingressar apenas por um desses sistemas. Caso contrário, o sistema compromete as chances dos candidatos que concorrem apenas pelo sistema universal, já que devem competir por apenas 70% das vagas, sendo que concorrerão não só com outros candidatos de ingresso universal, mas também com os candidatos que têm reserva de vagas.

Já era evidente e tenho certeza de que era esperado pelos gestores da universidade, que este sistema de cotas causaria revolta com os candidatos que foram prejudicados pelo mesmo. Acredito que houve falta de sensibilidade por parte da UFRGS ao criar este sistema. Até mesmo por que não acredito que a universidade tenha autonomia para adotar tal fórmula, que diverge inclusive do sistema adotado pelo Pró-Uni, programa do governo federal, que garante vaga para alunos que tenham cursado apenas o ensino médio em escola pública, como é meu caso.

Após a divulgação do listão, o grande número de candidatos que - como eu - entraram com recursos para garantir sua vaga, comprova a insatisfação dos mesmos com o sistema adotado. Isso se deve a diversas falhas de planejamento desse sistema. O número de vagas reservadas para negros, por exemplo, é bastante superior ao número de candidatos que concorreriam a essas vagas. Além disso, os 30% de vagas reservadas aos cotistas é praticamente equivalente ao número de candidatos que optaram por esse sistema de vagas, 32,92%, comprometendo a qualidade do concurso. Esse número remete a possibilidade de, em determinados cursos, todos os candidatos que não forem desclassificados e que optaram pelo sistema de reserva de vagas, sejam aprovados, sem ao menos precisar concorrer por essa vaga.

Este caso é comprovado com a média harmônica de alguns candidatos aprovados pelo sistema de cotas. Como exemplo eu usarei o curso para o qual prestei vestibular: Letras – Bacharelado; A média do último aprovado pelo sistema universal foi de 542 pontos. Já a média do último aprovado pelo sistema de cotas – Ensino Público despenca para 488 pontos, e a média do último aprovado pelo sistema de cotas – Ensino Público autodeclarado Negro cai ainda mais: 423 pontos, sendo mais que um desvio a menos que a média do último classificado pelo sistema universal, ou até mesmo que a minha média: 533 pontos.

Ainda utilizando o mesmo exemplo, o curso de Letras – Bacharelado, lembro que foram oferecidas 13 vagas para candidatos autodeclarados negros, sendo que havia apenas 12 candidatos concorrendo por essa vaga, comprovando o que eu disse anteriormente.

Eu sei que tá tudo meio confuso, foi escrito as pressas e ainda precisa de muita revisão e muita informação tá faltando.

Mas agora tá meio em cima, e finalmente a inércia me deixou e resolvi tentar fazer alguma coisa pra recuperar o que é meu de direito, e eu acredito mesmo que seja minha essa vaga.

Eu peço então que leiam, que opinem, que critiquem, julguem, falem e tudo mais que quiserem falar. O que preciso no momento é justamente varios pontos de vista.

Quem tiver reportagens interessantes que eu talvez não tenha lido, pode mandar também.


No mais, chega de tentativas frustradas de contos e poesia.

;D

3 Comments:

Blogger Karolina Vargas said...

Concordo com o q vc falou "medida mal planejada"
esse vestibular de 2008 da UFRGS foi sem duvida nenhuma algo que chocou a todos, tanto pelas confusões, ou pelas assustadorassssssss diferenças entre medias, eu apoio as cotas para alunos de escolas publicas, mas acho q eles devem concorrer entre si p nao ocorrer esse tipo de comparação...
vamos para de hipocrisia e preguiça, queremos mudanças sim, mas BEM planejadas que nao deixem duvidas e queixas a regalo p quem quiser faze-las, pois é isto q esta ai, quem quiser reclamar/brigar/criticar tem TODO o direito...
boa sorte p vc meu amigo...
obs: ta mt bem escrito o texto =)

6:32 PM  
Blogger Mademoiselle Cristiana said...

q barbaridade...
acho tão horrível isso q bem sei expressar, e nem posso direito pq to no serviço...
mas dessa vez eu li tudo
e é besta essas cotas, não têm sentido algum dessa forma como estão sendo feitas
a ufgrs não é dona de si para fazer cotas da forma como quiser
o pro uni já atende mto bem a classe de baixa renda, e eu sou prova viva disso
e quando a cotas raciais, prefiro nem comentar
'um brinde as cotas preconceituosas!'


isso é tudo pessoal

=*

t'amu

e sim
continue escrevendo
pq meu eu-lírico depende do tu

=***

8:18 AM  
Anonymous Anonymous said...

a ufrgs é algo que me irrita e como não me incluo nas cotas fico mais p*...
acho que negro teria que competir só com negro(pode até ser racismo,mas eles de qualquer forma estão demonstrando isso),estudantes de escola pública tbm..ah sei lá,já to irritada só de falar nisso!
isso é mal organizado e quem estuda se ferra ¬¬
esse ano "nadei,nadei e morri na praia"infelizmente =/
prefiro sem cotas!
cada um por si,mostrando seu potencial e deu!!

[curta e grossa]

>.<

bjuu,anjo poeta!

11:19 PM  

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